Pedro Almodóvar e sua arte de nos arrebatar

Mesmo sem palavras para descrever o mais recente filme de Pedro Almodóvar, eu me vejo forçado a escrever um texto sobre o mesmo. Ultimamente estou assim, é muito chato escrever sobre um filme só por escrever e não há melhor maneira de expressar os sentimentos por um filme através de um texto honesto que me obrigo a fazer quando venho aqui. Sinceramente não sei nem por onde começar, não sei nem se vem ao caso analisar cada aspecto do filme ou ficar balbuciando sobre como estou desnorteado.

 
Comecemos pelo fato de eu estar à procura de um filme que pegue de jeito há tempos – embora tenha visto Precisamos Falar Sobre Kevin recentemente, mas deixemos pra falar dele quando estrear por aqui -, aproveitando as férias estou vendo todos os filmes que estrearam no Brasil em 2011 que me interessaram, mas eu não tive a oportunidade de conferir na telona. Vendo filme atrás de filme eu tenho encontrado ótimos filmes na safra que veio para cá, mas sinceramente o último que me deixou assim tendo reflexões sobre a minha vida e de boca aberta por uns minutos depois do final foi Namorados Para Sempre. Eu como adorador do cinema (e da televisão) preciso desses momentos catárticos para manter minha paixão pela arte e enquanto houver esses momentos essa paixão nunca cessará. Sim, A Pele Que Habito é daqueles filmes que reafirmam o seu amor pelo cinema. Se você está naquela maré de filme bom ou até ótimo, esse é aquele filme que vai te fazer procurar no Google por adjetivos que possam descrevê-lo. É daqueles filmes que você perdoa uns errinhos aqui e ali porque no final tudo parece certo e você não está nem aí para os tais erros (se é que eram erros).


É praticamente impossível falar sobre o filme sem dar alguma dica sobre ele, mas eu prefiro não entrar nos detalhes, pois eu sei que sabidas algumas coisas o impacto da obra não será jamais o mesmo. Para quem já viu, estou falando da reviravolta apresentada a nós numa espécie de sonho ou flashback. Eu gostaria de ter me filmado durante toda essa sequência, não faço ideia das expressões que eu fiz. O filme brinca tanto com a gente que nós acabamos assim sem saber o que fazer ou o que fizemos, Almodóvar toma tanto essa estória para si que Thierry Jonquent era apenas um pseudônimo. Dois loucos são eles, por criarem e contarem uma história tão inimaginável na cabeça de meros mortais como nós. Sou apaixonado por esses filmes que a cada cena nos mostram que aquilo que a gente pensava que sabia na verdade era outra coisa, esses filmes que você entende mesmo na última cena com o famoso “Oh!” e a mão na boca. E nada melhor do que um filme sobre a natureza humana para nos dar isso, seja analisando aspectos como a vingança ou até mesmo a fidelidade.

 
Dito tudo isso, eu termino fazendo uma menção ao estupendo (pois é) trabalho de Elena Anaya que parece literalmente viveu na pele de Vera Cruz. Não perdendo o costume, é um absurdo colossal a sua atuação (assim como o filme em si) não receber o reconhecimento das premiações. É um absurdo maior ainda o filme não ser reconhecido pela Academia das Artes e Ciências Cinematográficas da Espanha como o representante do país no Oscar 2012. Espero muito que o filme tenha o devido reconhecimento no Blog de Ouro 2012.

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